– sinto-me diminuir, a ficar reduzido à futilidade, ao existir inanimado num estado fabril. não encontro nada que me faça sentir. houve momentos em que experienciei dor, enfrentei a morte em epopeicos duelos, e sim senti-me verdadeiramente vivo. mas essa sensação passou.. houve momentos em que estive vivo ao reconhecer a tua beleza, ao aceitar a verdade que parecia inata em ti. mas essa sensação passou.. a vida dói, e perder-te foi deveras a maior dor. amo-te por esse sentir que me deu o último folgo do me reconhecer vivo. senti-me vivo em todos estes momentos, e agora vejo-me morrer e acabarem-se as dores que tanto amo.
– dizes que amas a dor, e no entanto observo-te a fugir dela à mais pequena contrariedade. este não és tu. olho-te e ouço-te através desta barreira que crias-te, e sabes uma coisa?!, não te vejo. sinto-te ausente e no entanto estás à mesma mesa que eu, a proferir umas quaisqueres palavras, que não te servem, que não são o teu ser. ¿ o que andas a fazer?
– não são as palavras que me servem, é esta ausência da emoção. a percepção da realidade caiu em mim. sinto a continuidade do universo, mas encontro-me fechado em mim mesmo, em vez de plenitude sinto isolamento. mas sinto e sei e já não sou. ¿ quantas pessoas sabem que estão vivas?
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at quarta-feira, julho 23, 2008
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