não sabem amar (parte I de II)  

Posted by rogério in

como a minha musa teima em não voltar, a princesa maria joão, aceitou ceder o seu singular talento no processo cognitivo, e acompanhar-me ao longo de uma deambulação discursiva. como nos alongámos em sorrisos, fica uma síntese, desse caso de namoro que não sabe amar.


não sabem amar

m. j. - não sabem o que é o amor. as pessoas dizem que estão preparadas para tudo, mas é só enquanto o tudo não é o amor. depois arrependem-se, porque podiam ter vivido um verdadeiro amor. ainda que depois, o perdessem, e sofressem a desilusão do desmoronar da historia encantada. e é esse dilema do, “será que vale a pena sofrer por amor?” é preciso não julgar o amor, sem o conhecer, sem o viver.

r. - as pessoas querem amar, mas não sabem como o fazer, não sabem o que a outra pessoa está a pensar, então limitam o amor para não darem demais de si e depois sofrerem. não sabem como amar. será assim tão difícil dizer: “eu gosto de ti!”. é preferível dizer “eu amo-te!” e sofrer mil dilacerares de coração a não ter dito de todo. é preferível amar um dia a não ter amado de todo. mesmo sem saber o que o outro pensa. mesmo sem ser correspondido. mesmo que a dor seja tão intensa que as lágrimas fluam sem controlo pela face. o desígnio do amor é inconcebível, e só dando-lhe toda a liberdade poderemos verdadeiramente merecer senti-lo.

m. j. - não é difícil proferir as palavras, é difícil é ao dizermos as palavras e senti-las. lá no fundo, todos queremos ser correspondidos. se não o somos, dizemos que o amor é ódio. e é este tratar o amor como nos convém, que permite libertar o som e dizer as palavras sem as sentir.

r. - dizer as palavras sem as sentir é não as dizer de todo. só conta o difícil. é necessário querer alcançar a torre da princesa. eu prefiro amar e não ser correspondido a não amar de todo. amo, amo as manhãs tristes e chuvosas, em dias terríveis de inverno torrencial. amo e não quero saber se o dia gosta ao não de mim. já amei e pensei que não voltaria a amar. mas o tempo provou-me errado. e apaixonei-me que nem a primeira vez. parece-me que o amor é infindável. um contínuo de espaço-tempo-sentimento, que nunca é mais ou menos, uma fonte sempre presente, onde de um trago voltas a suspirar.

m. j. - não. o amor acaba quando deixa-mos de parte tudo e parti-mos à sua busca. porque o verdadeiro amor encontra-te, e só existe uma vez na vida. depois dessa vez, não é o verdadeiro amor é o amor apenas. todas as coisas boas têm um fim. podias ter um final feliz e não optas-te por isso, porque és demasiado sonhador, para acreditares que o amor acaba. ou o amor feriu-te de tal forma, que não queres ser correspondido para seres tu mesmo, e viveres não com a pessoa que amas mas sim contigo. crias um casulo que te proteja da rejeição, com medo de não te apaixonares outra vez.

(brevemente a parte II)

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